Romance <i>Terra Morta</i> é editado no Brasil

Proi­bido em Por­tugal pela cen­sura fas­cista, o ro­mance ne­or­re­a­lista Terra Morta, de Castro So­ro­menho, foi pu­bli­cado no Rio de Ja­neiro pela Casa do Es­tu­dante do Brasil. A obra re­trata a vida numa vila do Nor­deste de An­gola, Ca­ma­xilo, tendo como pano de fundo as minas da Di­a­mang, que nos seus 56 anos de exis­tência chegou a ser uma das cinco mai­ores pro­du­toras de di­a­mantes do mundo. A força da de­núncia da opressão co­lo­nial e da re­pressão a que eram sub­me­tidos os tra­ba­lha­dores con­tra­tados e a po­pu­lação negra fazem deste ro­mance uma obra sin­gular. Como es­creveu o es­critor e crí­tico Adolfo Ca­sais Mon­teiro, «li­vros destes só se es­crevem com um pro­fundo amor pelo homem: esse quadro não seria de tão pun­gente ver­dade se não sur­gisse da im­pres­si­o­nante re­a­li­dade das per­so­na­gens em que Castro So­ro­menho en­carnou o drama vi­vido ao longo das pá­ginas do seu ro­mance; por isso ele fi­cará como uma das obras mais sig­ni­fi­ca­tivas do nosso tempo». Filho de um por­tu­guês e de uma cabo-ver­diana, Castro So­ro­menho, nas­cido em Mo­çam­bique, tra­ba­lhou na Di­a­mang como an­ga­ri­ador de mão-de-obra. Veio para Lisboa em 1937, onde tra­ba­lhou como jor­na­lista, até emi­grar para o Brasil, onde fa­leceu em 1968. Terra morta só foi pu­bli­cada em Por­tugal após o 25 de Abril.